sábado, 17 de outubro de 2009

FALANDO DE EDUCAÇÃO, PROFESSOR, SOCIEDADE... ESPERANÇA

No recente dia 15 de outubro foi “Dia do Professor”. Eu estava em viagem de trabalho e acompanhei alguma coisa pela internet e nos jornais televisivos. Mais uma vez, escutei pessoas dizendo da importância desse profissional na sociedade, fazendo comparação de remuneração de professor com outras profissões, dizendo que deveriam ganhar mais do que este ou aquele profissional, que sem professor a sociedade não se desenvolve, que não formamos os homens do amanhã que ocuparão os cargos públicos, que gerenciarão as grandes empresas, que cuidarão da saúde, da sociedade e que se formarão novos professores com a responsabilidade de continuar a formação de novos cidadãos. Ouvimos esse discurso já há algum tempo, principalmente no dia dos professores, mas também ouvimos em outras ocasiões, quando se fala da importância da Educação, na boca de administradores públicos, ou políticos em ascensão principalmente.

Eu relutei em registrar minhas reflexões sobre o assunto. Não que os professores não merecessem ser lembrados ou homenageados, eu inclusive me incluo nessa profissão, mesmo que por um momento eu esteja vivenciando uma outra instância de trabalho. Mas ultimamente tenho sido resistente em relação a essas falas pontuais, que ressaltam num momento ou no outro um assunto, uma pessoa, um profissional, mas sem um continuum de ações que realmente legitimem a fala apregoada aos quatro cantos. Hoje meu sentimento se divide: de um lado o orgulho de ser professor, de encher minha boca para falar da minha profissão, de uma esperança que quer se manter viva, pensando nas possibilidades de uma sociedade melhor para todos a partir da Educação, da formação humanitária das pessoas; do outro lado uma certa tristeza, uma frustração, uma sensação de ressaca talvez, pela desvalorização, pelo despencar do status desse profissional na nossa sociedade, por aqueles que continuam remando, mas como se carregassem um grande peso, como remadores solitários, por aqueles que não são professores e ocuparam essas cadeiras pelo abandono do verdadeiro profissional da educação, que adoeceu, que cansou...

Sobre a Educação, reafirmo o que já registrei neste BLOG em março de 2008, no texto "EDUCAÇÃO E LIBERTAÇÃO", considerando principalmente que não temos como falar em Educação se não discutirmos a questão do Profissional da Educação. O Professor ao assumir essa profissão, assume ser um Educador Profissional, para formar, produzir homens e “sua ética está em ter competência técnica, acreditar e agir e acima de tudo, ter competência humana” (LARA, 1998). Não temos como falar, discutir sobre formação de pessoas, que é o que produz os homens de nossa sociedade, sem falar em competência humana para exercer tal tarefa. Nessa profissão isso não pode faltar, as demais ações, habilidades e saberes são conseqüências dessa competência, da qualidade das nossas relações com o outro, da nossa interação, do nosso olhar, da nossa escuta, da nossa compreensão, da disposição para conhecer e interagir com o outro que se dispõe a nossa frente para construir sua aprendizagem. Somos o elo que une esse indivíduo aprendiz da vida, com o mundo do conhecimento, das vivências, somos nós que conduzimos o aprendiz ao encontro do significado de tudo o que se descortina para ele. Como é grande essa responsabilidade!

Por toda essa grandeza, como podemos ficar por toda uma vida rendendo homenagens, fazendo discursos sem uma ação que realmente contribua para uma mudança satisfatória dessa situação, que altere o curso desse processo auto-destrutivo em que nos encontramos? É como se nosso discurso sobre a Educação ficasse vazio, sem conteúdo, sem verdade. Um dia na história de nossa civilização, nós homens, escolhemos institucionalizar a Educação, entendemos que essa era nossa melhor escolha para educar e formar as nossas crianças. Se escolhemos institucionalizar a Educação, também escolhemos legitimar e reconhecer um profissional para essa Educação, o Professor. E agora, o que queremos dizer e mostrar com o que estamos enfrentando? Alunos desmotivados, escolas com graves problemas de violência, resultados de desempenhos escolares nada satisfatórios, altos índices de absenteísmo dos profissionais da educação, um grande número de afastamento por licença de saúde, pesquisas demonstrando porcentagens consideráveis de professores com depressão e doenças decorrentes desta e do estresse profissional, entre outros. Será que teremos é que repensar a instituição escolar que criamos? Um novo modelo de escola, de educação, de gestão escolar? Ou perdemos a mão do nosso fazer, do feijão com o arroz? Que sociedade é essa que grita aos ventos que é imprescindível investir numa educação de qualidade e continua com índices educacionais tão baixos? O que fazer quando os alunos que concluem o Ensino Médio não têm um letramento satisfatório, não interpretam, não inferem num texto, não compreendem e não produzem textos com coerência e coesão? Como eles ocuparão as cadeiras Universitárias? Quantos ocuparão? Qual será nosso universo de incluídos e excluídos? Até quando sustentaremos a fama de País em desenvolvimento que caiu nas graças internacional?

Reconheço que em meio a todas essas adversidades, a todas as mazelas da nossa sociedade, temos muitas experiências de sucesso para contar, com resultados significativos. Professores que se mantém em constante busca, com muita vontade, compromisso, criatividade, disponibilidade, superando os contratempos e disseminando bons resultados. Hoje temos pesquisas de campo, entre os profissionais que tem ocupado as cadeiras das pós-graduações, em Mestrados e Doutorados, que apontam para uma pratica educacional produtiva na formação dos alunos, considerando a nossa grande diversidade, as peculiaridades de regiões, bairros, comunidades e alunos. Por isso em meio a todo esse desabafo, vou colocar na balança de meus sentimentos, um peso maior no lado da esperança, do orgulho de ser professor, na crença de uma sociedade melhor a partir da formação e da produção de homens de bem.

Não busco com essa reflexão, apontar os culpados, pois quando assim o fazemos, temos que reconhecer que ao apontar o outro, também projetamos nossas próprias fragilidades, dificuldades e atropelos. Busco congregar idéias, pensamentos, reflexões para compreendermos melhor a sociedade em que vivemos, como vivemos, como dialogamos com nossas fraquezas, com as mazelas sociais e como nos movimentamos para promover uma sociedade melhor, pois todos nós somos responsáveis. Em alguns momentos ocupamos o lugar de vítimas, em outros de algozes, ou omissos expectadores, ou falantes denunciadores. Mas seja qual for a posição que hora aqui e ali ocupamos, somos responsáveis, não temos como nos isentar ou querer dizer que somos neutros, pois até a neutralidade ocupa uma posição e gera alguma consequencia. Na “metáfora da teia de aranha”, ao mesmo tempo em que tecemos nossa teia, estamos condicionados a ela, somos parte dela, não sobrevivemos sem a teia e a teia não se sustenta sem nós. “O ser humano se constrói e se produz na medida em que produz seu mundo – organiza-se no conjunto dos seres e é pelo trabalho que o ser humano não só produz as condições materiais de vida, mas se produz, se forma, se realiza e é também produzido” (LARA, 1998).

Para aqueles que acreditam, agem e compreendem a essência do relacionamento, parabéns por SER PROFESSOR!

terça-feira, 7 de julho de 2009

CONSELHO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL EM LEOPOLDINA

Neste dia cinco de julho, participei de uma reunião histórica no salão do Clube Cutubas aqui em Leopoldina, foi a assembléia de constituição do “COMPIR – Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial”. Também na reunião foi aprovado o Estatuto do Conselho e a eleição da Diretoria.

Senti por parte das pessoas presentes interesse e disponibilidade. Vale destacar a atuação e empenho do Sr. Wantuil para se chegar até esse momento, nessa assembléia e de todos os demais que ali se posicionaram. E fiquei satisfeita com o grande número de auto-representantes, isso confere veracidade e consistência à entidade. Quero crer, que já evoluímos em nosso Município de uma época de pouca participação em Conselhos Municipais para um tempo novo de intensa co-responsabilidade social. Todo movimento participativo, é sempre um caminho novo que se abre, pessoas se encontram, dão as mãos e seguem pelas trilhas e alamedas que levarão até o objetivo comum. No caso dos Conselhos Municipais, o objetivo comum é sempre a promoção e defesa de Direitos e na caminhada sempre nos deparamos com pedras, desvios, barreiras, e até pinguelas, ou seja, ao mesmo tempo em que teremos momentos de caminho fluente, teremos atropelos e riscos no caminho. Mas se não perdermos o foco, o objetivo comum e as mãos permanecerem unidas, é possível a chegada. Mas cada chegada já pressupõe uma nova trajetória, pois todo direito consolidado, toda conquista, gera novas necessidades, planos e projetos.

Discutir igualdade racial neste país, ainda gera muita polêmica, até mesmo entre a própria população que se auto-representa nesses movimentos. A expressão “políticas de afirmação”, apesar de para muitos de nós não ser novidade, para outros tantos mais, representa ações muito novas que carecem de uma compreensão maior. Para entender dessas políticas é preciso dar visibilidade a realidade em sua totalidade, ou seja, sem camuflagem, com clareza, com dados reais, concretos, contando a “verdadeira história”.

Seja como for o desenrolar de nossas ações, não podemos nos perder em conjecturas ou devanear sobre hipóteses sem consistência. Vivemos a era do conhecimento, temos as ciências a nosso serviço, mas também vivemos a era da informação, e na velocidade do fluxo desta, precisamos de cuidados especiais para não nos prender no periférico e esquecer a essência do que buscamos. O fato é, estamos no meio de um processo social que busca a consolidação do pleno exercício da cidadania de todos, sem distinção, em nossa sociedade. Mas se é um processo e estamos no meio dele, a movimentação ainda é intensa, teremos momentos de altos e baixos, de encontros e desencontros, mas sempre o movimento é continuo e evolui, mesmo que pareça ser de forma tímida. Como é um processo, a tendência é que os projetos, programas vão aos poucos se apurando para corresponder cada vez mais a nossa realidade social. Na medida em que algumas realidades vão se modificando, a compreensão também vai melhorando e vamos acertando, aparando as arestas das chamadas políticas afirmativas.

O que não podemos é simplesmente condenar, sem contribuir para a mudança. A crítica pela crítica, sem filtrarmos as informações não nos levará as mudanças necessárias. O senso comum nem sempre está diante de nós para ser considerado com única verdade, mas em muitas das vezes, para que reconheçamos a idéia que prevalece no senso comum e com ela reconhecermos a nossas fragilidades sociais e a necessidade de construção de um novo conceito e prática social, de um novo paradigma. Para essa construção, é comum que precisemos desconstruir um conceito, dessecar ele, abrir as feridas, nos abolir dos pré-conceitos e só aí, aplanando o terreno, iniciarmos a construção de uma nova concepção. É assim que as idéias nascem e se consolidam, deixam de existir na individualidade de nossa consciência e passam para a uma consciência coletividade que levará a um novo tempo e realidade social, se for absorvida por nós, vivida, captada e processada pela mente e levada ao coração, será sistematizada e consolidada, passando ao domínio do inconsciente coletivo. Ou seja, passamos a viver, a sentir a nova realidade e não precisamos mais racionalizar para fazer o que precisa ser feito, simplesmente “somos”, e o que antes era uma determinação para um comportamento nosso, passa a ser um hábito em nossas vidas.

Urge em nosso tempo a construção da “Cultura da Paz”. Estejamos disponíveis para esse caminhar, é tudo o que precisamos, compreensão, tolerância com as diferenças, com a diversidade, lembrando que para se ter igualdade, é preciso entre outras atitudes, respeitar o princípio da equidade, ou seja, considerar as diferenças, as peculiaridades de cada um, para promover a igualdade, pois cada um é um, cada comunidade é uma, cada cultura é uma, cada origem é uma, cada história é uma, mas os DIREITOS SÃO PARA TODOS.

Deixo uma dica de um texto sobre a questão educacional, a formação dos nossos educandos, retratando o quanto ainda temos que avançar na questão curricular para contribuir na mudança dos nossos paradigmas relacionados à raça na nossa sociedade, é só clicar no link:

http://www.ciranda.net/spip/article2524.html - ESCOLAS IGNORAM LEI QUE OBRIGA ENSINO DA CULTURA AFRO

quarta-feira, 1 de julho de 2009

LEOPOLDINA FOI SEDE DO "VI FESTIVAL REGIONAL NOSSA ARTE"

No dia 25 de junho aconteceu no Clube do Moinho, em Leopoldina, o "VI Festival Regional Nossa Arte", promoção do Conselho Regional Zona da Mata III - Federação das APAEs de Minas Gerais e da APAE de Leopoldina, o evento contou com a participação de sete das quinze APAEs que integram o Conselho. Foram 12 apresentaçõesde palco, entre Dança, Dança Folclórica, Teatro e Música. Foram expostos 21 trabalhos de arte visual, 21 de artesanato e 8 de arte literária.

Presentes as APAEs de Além Paraíba, Carangola, Cataguases, Espera Feliz, Miraí, Muriaé e Leopoldina, a anfitriã do evento. O Festival é uma seletiva dos trabalhos de Arte nessas instituições e vem a cada edição revelando mais talentos, elevando qualitativamente a produção artística dos alunos nas variadas modalidades apresentadas. Com o incentivo a essas produções através de eventos como este, as APAEs tem a possibilidade de expandir o fazer artístico, seja para a produção cultural, como para a arte educação.

Importante também destacar a participação da comunidade, de todas as pessoas que prestigiaram o Festival, presentes no evento, ou apoiando com patrocínio e incentivos outros, entre estes, representantes da Adminstração Municipal, através da Secretária Municipal de Educação e Cultura, Lúcia Lopes Horta e do Legislativo, através dos Vereadores presentes, como também representantes da imprensa. O Conservatório Estadual de Música Lia Salgado foi um grande colaborador. Foi fundamental a disponibilidade das pessoas que integraram o corpo de jurados, pessoas de reconhecido currículo nas artes: Maria Lúcia Braga, Sandive Santana, Sérgio de Sousa, Aparecida do Carmo Gonçalves Silva, Lúcia Helena Lima de Oliveira Nogueira, Filomena Toledo Gonrado França e Ereny Ferreira Sales (Berê). Esas pessoas somaram credibilidade ao evento.

Vale ainda destacar, o enorme empenho da equipe de profissionais da APAE de Leopoldina e de forma especial, o esforço de sua Diretora Maria Célia Morais, na organização e produção do Festival, que não mediram esforços para promover o evento e bem recepcionar as delegações das demais APAEs. A Coordenação de Arte da APAE de Leopoldina está a cargo da Profª Angela Anjos e o atual Presidente da instituição é o Dr. Marco Antônio de Oliveira Lacerda.

Mas o mérito maior de todos, é dos alunos, dos artistas que fazem o Festival de Arte acontecer, pelo esforço, dedicação, amor e responsabilidade de cada um deles, em se colocar diante de todos nós, sem medo, de coração aberto, produzindo arte, cultura, educação. Entre os destaques das apresentações, a apresentação de folclore da APAE de Leopoldina, com "A Bailarina e o Boi Bumbá" e o número de Dança da APAE de Espera Feliz, através da aluna Adriana, ambas disponíveis em vídeo no link:

http://www.youtube.com/watch?v=3Y3CI4MtcjE

http://www.youtube.com/watch?v=l4FBi2zFhFE

O Conselho Regional Zona da Mata III, tem como sua Presidente a Profª Maria José Marques Ferreira e na Articulação Regional de Arte a Profª Claudia Conte dos Anjos Lacerda.

domingo, 21 de junho de 2009

VI FESTIVAL REGIONAL NOSSA ARTE

Hoje aproveito o espaço para divulgar o "VI Festival Regional Nossa Arte", evento este, que reúne as quinze APAEs da nossa região para apresentações de Dança, Dança Folclórica, Música e Teatro, além de exposição de trabalhos de Arte Visual, Arte Literária e Artesanato, de seus alunos.
É uma seletiva promovida pelo Conselho Regional Zona da Mata III - Federação das APAEs de Minas Gerais - APAE-Leopoldina, com o objetivo de promover a Arte, como possibilidade de fazer artístico, de desenvolvimento das pessoas, de aprendizagem, de lazer, de terapia, de inclusão social, além de conscientizar a sociedade de que a pessoa com deficiência nas suas habilidades é capaz de se expressar através da arte, atingindo a sua auto-realização.
O Festival acontecerá no dia 25 de junho, quinta-feira, as 17 horas, no Clube do Moinho, em Leopoldina.
Venham prestigiar! Participem conosco! É uma experiência especial!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

RETOMANDO AS REFLEXÕES

Fiquei um bom tempo sem postar. Passei por momentos bastante atribulados e algumas coisas fui deixando de lado, não definitivamente, mas adiando... Mesmo querendo manter a rotina, temos que reconhecer nossas condições e limitações e saber selecionar as prioridades da hora, nos organizar e reordenar nosso tempo.

Acredito que agora consigo retomar. Talvez com pouca frequencia ainda, mas pretendo estar presente.

Aproveitando o momento, volto a um tema que já apresentei aqui anteriormente. É sobre resultados de Avaliações Externas do processo educacional. No caso, os resultados do PROEB, avaliação da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, que avalia todos os alunos das Escolas Públicas (Estaduais e Municipais), do 5º ano do Ensino Fundamental (antiga 4ª série), 9º ano do Ensino Fundamental (antiga 8ª série), e o 3º ano do Ensino Médio. A avaliação ocorreu em novembro de 2008 e agora recentemente, recebemos os resultados. O PROEB avalia os finais das principais etapas da Educação Básica e seus resultados são apresentados considerando uma série de variáveis, com dados comparativos aos últimos anos, seja na média da proficiência dos alunos, seja no percentual de alunos com nível baixo, intermediário ou recomendável de desempenho na Língua Portuguesa e na Matemática.

Dizer que não houve melhoras, isso não podemos dizer, porque elas aconteceram, mesmo que timidamente. Algumas análises são interessantes de considerar. Já estamos avaliando, por exemplo, no caso do 5º ano, os alunos que iniciaram o Ensino Fundamental mais cedo, ou seja, ingressaram com seis anos de idade. Por esse motivo, acredito que esperávamos um resultado com uma maior diferença. Mas se levarmos em conta que a melhora considerável na nossa região, foi na Avaliação da Alfabetização em 2008, ou seja , nas turmas do 3º ano do Ensino Fundamental, que foram avaliadas em maio de 2008 e que levou a Superintendência Regional de Ensino de Leopoldina (com seus 10 Municípios), para o segundo lugar no Estado de Minas Gerais na Rede Estadual e quinto lugar na Rede Municipal, podemos esperar que essa melhora vá se refletir no PROEB de 2010, quando esses mesmos alunos serão avaliados já no 5º ano do Ensino Fundamental, quando estarão encerrando os anos iniciais de sua escolarização (para ver os resultados do SIMAVE - PROEB é só acessar o site da SEE/MG: www.educacao.mg.gov.br).

Mas de todos esses dados o que destaco com mais indagação, são os resultados do 3º ano do Ensino Médio. Mais um ano se passou e a sensação mais uma vez é de frustação. Diria até mesmo de ressaca, por sabermos que esses alunos em sua grande maioria não estão mais na Escola, conquistaram (?) a conclusão do Ensino Médio, que significa a conclusão da chamada Educação Básica, sem as competências básicas. Os resultados do PROEB demonstraram que em média, 60% à 70% dos alunos estavam com nível baixo de desempenho na Matemática, não chegando a 10% de alunos no nível recomendável; e na Língua Protuguesa, de 40% a 50% em média no nível baixo com uma média de 30%, no nível recomendável.
Se considerarmos que o nível recomendável, pelos parâmetros adotados pelo CAED, instituição que consolida e analisa os dados da avaliação externa, representa o mínimo de habilidades e competências consolidadas na etapa, podemos nos arriscar a dizer que lançamos no mercado um grande número de pessoas sem o domínio básico da sua própria língua e dos conceitos matemáticos básicos. Se levarmos essa análise para as possibilidades de acesso ao vestibular, aos resultados do ENEM (que possibilita o acesso a faculdades privadas através do PROUNI), a concursos públicos, ou seleção de emprego em empresas, a ressaca aumenda ainda mais.
Quais as opções e oportunidades que esses jovens estão tendo? Quais as chances reais de mercado de trabalho, ou de acesso a níveis superiores de ensino? Não estaríamos vivendo a inversão do princípio da igualdade e equidade, ou seja, o que deveria ser acessso e inclusão, sendo na verdade exclusão através da educação? Como reverter tal situação, que não tem apresentado melhora nos últimos tempos?
Professores reclamam que não conseguem fazer os alunos se interessarem pelas aulas; os alunos não demonstram interesse, mas continuam indo a escola; programas e projetos específicos foram criados pelo Governo Mineiro para o Ensino Médio e os frutos ainda são amargos... Estamos falando a mesma língua?
Será que nossa única esperança será o trabalho de base, que está se estabelecendo a partir da recuperação dos resultados na Alfabetização? Mas e o grande contingente que temos nos outros níveis na Escola? Até quantas gerações mais serão martirizadas em meio a essa grande confusão que criamos na Educação?
Pergundas são muitas e ainda não temos as devidas respostas. Hipotetizamos, fazemos algumas considerações, algumas suposições, atribuimos esse e aquele problema a essa ou aquela situação e assim vamos levando... Sem muitas certezas de concretização e reversão dos fatos, mas com a certeza da necesssidade de encontrarmos soluções reais e de que estas não sejam tão demoradas. A certeza de que não queremos mais o 'muro das lamentações', mas sim o caminho das conquistas, do acesso incondicional e sem distinção a todos.
Esse seria o apregoado País melhor, para um mundo melhor. Aí quem sabe, eu até conseguiria cantar com sentimento verdadeiro aquela musiquinha que me fizeram decorar, para cantar nas manhãs da Escola em que estudei o antigo Ensino Primário, logo após o Hino, no hasteamento diário das bandeiras: "(...)Do Brasil somos as crianças, do Brasil, somos a esperança! No futuro por sua grandeza, viveremos com riqueza (...)".